O frenesi de notícias sobre a importância do aleitamento materno frequentemente foca em seus inegáveis benefícios nutricionais e imunológicos. Ouvimos sobre a “primeira vacina”, a composição ideal de nutrientes e o fortalecimento do vínculo. Tudo isso é vital. No entanto, há um papel da amamentação que muitas vezes é ofuscado, mas que possui um impacto duradouro na saúde e na qualidade de vida: seu papel crucial no desenvolvimento orofacial do bebê.
O primeiro exercício de ortodontia preventiva
A sucção no seio materno é muito mais do que um simples reflexo, é um esforço orquestrado que exige coordenação e força de 40 músculos da face. Esse movimento intenso é o que chamamos de ortodontia preventiva natural. Para o Dr. José Antônio Rios, Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial e especialista em Periodontia, nome que assina o CROOL by Rios, “a amamentação é a terapia miofuncional mais eficiente que existe. O bebê nasce com a mandíbula em uma posição mais recuada (retrognata) e o esforço repetitivo de ‘ordenhar’ o leite, que envolve o movimento de protrusão (avançar) e retrusão (recuar) da mandíbula, é o principal estímulo para o crescimento mandibular no sentido correto, harmonizando o encaixe com a maxila (o popular ‘queixo para frente’).”
Fortalecendo as estruturas vitais
A sucção correta é a chave para a formação adequada das estruturas:
- Língua: A língua, durante a mamada, adota uma postura elevada, pressionando o palato (céu da boca). Esse movimento é vital para moldar o palato em formato de “U” (largo e arredondado), garantindo o espaço ideal para o futuro alinhamento dos dentes e prevenindo o palato ogival (estreito e profundo).
- Mandíbula: O esforço para extrair o leite promove o crescimento ósseo. É um treino de força que prepara a mandíbula e os músculos para as futuras funções de mastigação e deglutição de alimentos sólidos.
- Respiração: A amamentação no peito exige que o bebê mantenha a boca ocupada e, consequentemente, respire pelo nariz. A respiração nasal exclusiva é fundamental para o desenvolvimento craniofacial e está ligada à qualidade do sono. Bebês que respiram pela boca tendem a ter uma postura de língua incorreta e podem desenvolver problemas de sono, como o ronco e até a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) infantil.
O contraste: Amamentação vs. mamadeira
O cerne da ortodontia preventiva reside na diferença de esforço entre a sucção no seio e o uso de bicos artificiais, como a mamadeira. Enquanto a amamentação no seio exige esforço ativo e complexo, mamadeiras e bicos artificiais requerem esforço mínimo e passivo. Em outras palavras, no seio, o bebê precisa “ordenhar” o leite, utilizando movimentos peristálticos da língua e uma pressão negativa intensa. Já na mamadeira, o leite flui com facilidade, demandando pouco ou nenhum esforço mandibular. O padrão de sucção é de apertamento, não de ordenha.
Outro ponto que levamos em consideração é o desenvolvimento ósseo. Ao passo que a amamentação promove estímulo máximo, na mamadeira o estímulo é reduzido. Então, na primeira, notamos o crescimento da mandíbula, o formato adequado do palato e a harmonia facial. Em contrapartida, na segunda há o risco de desenvolvimento incompleto da mandíbula e palato estreito, fatores que contribuem para más-oclusões (como a mordida aberta anterior ou a mordida cruzada).
Assim como mencionamos acima, a respiração é uma característica impactada pela amamentação. Quando o bebê se alimenta no seio, há uma respiração nasal exclusiva, padrão estabelecido pela oclusão labial e a correta postura da língua. Por outro lado, a mamadeira oferece o risco de respiração bucal, um fator de risco para o desenvolvimento facial e qualidade do sono.
A preferência do bebê pela mamadeira muitas vezes se dá pela facilidade com que o leite flui. No entanto, essa “facilidade” cobra um preço no desenvolvimento orofacial, pois a falta de esforço impede o treino muscular necessário.
O leite materno como defesa contra maus hábitos e cáries
Muitas vezes, a genética é usada como única explicação para “dentes tortos”. No entanto, a ciência odontológica mostra que a influência dos hábitos orais deletérios (como o uso prolongado de chupeta, a sucção de dedo ou a respiração bucal) é um fator determinante nas más-oclusões.
A amamentação exclusiva e em livre demanda por mais tempo atua como uma linha de defesa por duas razões principais:
- Redução de hábitos deletérios: O ato de mamar no peito satisfaz a necessidade de sucção não-nutritiva do bebê, diminuindo a probabilidade de ele recorrer a outros hábitos prejudiciais como a chupeta ou a sucção de dedo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e complementado até 2 anos ou mais.
- Propriedades protetoras: É fundamental desmistificar a ideia de que leite materno causa cárie. A doença cárie é multifatorial e biofilme-açúcar dependente. Enquanto o leite materno contém lactose (um tipo de açúcar), ele também é rico em anticorpos e outros fatores imunológicos (como a Imunoglobulina A e a Lactoferrina) que, surpreendentemente, podem inibir o crescimento da bactéria Streptococcus mutans, principal agente da cárie. A verdadeira vilã é a cárie de mamadeira (ou cárie da primeira infância) causada, principalmente, pela amamentação noturna e de livre demanda associada à introdução de outros alimentos açucarados (como sucos, chás ou fórmulas doces) na mamadeira, ou a falta de higiene. O contato prolongado desses açúcares com os dentes, especialmente durante a noite, é o que leva à desmineralização.
Guia para o desenvolvimento orofacial saudável
No CROOL by Rios, reconhecemos a complexidade da relação entre a amamentação e o desenvolvimento orofacial. Por isso, a consulta com o odontopediatra deve ser precoce, idealmente, antes do primeiro ano de vida. Não espere o “dente doer” para procurar um dentista.
1. Avaliação da pega e freio lingual (Teste da Linguinha)
A pega correta é essencial. Se a pega estiver incorreta, o bebê pode não estar estimulando as estruturas faciais como deveria, além de causar dor na mãe. A avaliação do freio lingual (a membrana sob a língua, o popular “Teste da Linguinha”) é vital. Um freio curto pode restringir o movimento da língua, dificultando a sucção correta e, consequentemente, o desenvolvimento do palato.
2. Orientação de higiene e dieta
A higiene oral deve começar antes mesmo da erupção dos dentes. Com a erupção do primeiro dente, a escovação deve ser realizada com pasta de dente com flúor (quantidade mínima, do tamanho de um grão de arroz) duas vezes ao dia. Além disso, a orientação dietética é fundamental para evitar a exposição excessiva a açúcares, prevenindo a cárie de mamadeira.
3. Previsão de crescimento da mandíbula e acompanhamento
O odontopediatra fará uma avaliação inicial do padrão de crescimento da face e da posição da mandíbula. Essa previsão de crescimento permite a intervenção precoce em caso de desvios, como mordidas cruzadas ou abertura exagerada da mordida (mordida aberta anterior), que podem ser consequências da respiração bucal ou dos hábitos de sucção deletérios.
O CROOL by Rios é o local ideal para essa primeira e vital consulta de desenvolvimento. Aqui, nossos profissionais, com a expertise e visão do Dr. José Antônio Rios, são treinados para uma escuta generosa e para realizar um rápido, mas profundo, exame de desenvolvimento orofacial. Nosso objetivo não é só tratar, mas, sobretudo, prevenir, garantindo que o seu bebê receba o melhor acompanhamento para um sorriso saudável e um desenvolvimento facial harmonioso desde o berço. Tratamento odontológico? CROOL, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.
