Um bebê com dentes ilustrando um artigo sobre dentes natais e neonatais.

A raridade de dentes natais e neonatais e a importância do odontopediatra

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Imagine a surpresa de uma família ao receber seu bebê e notar um dentinho já irrompido na boca do recém-nascido. Parece coisa de cinema, mas a verdade é que casos assim, como o noticiado recentemente sobre um bebê no Distrito Federal que nasceu com dois dentes, são reais e sempre chamam a atenção.

No universo da odontologia, essa condição tem nome: dentes natais e neonatais. Eles representam um distúrbio de erupção precoce e, apesar de serem uma curiosidade, exigem uma atenção odontológica especializada imediata.

Mas, afinal, o que é isso? Qual é a chance de acontecer? E, mais importante, o que fazer nesses casos?

Dentes natais e neonatais: Qual a diferença e a raridade?

Primeiramente, a chave para entender o tema está no tempo de erupção. Dessa forma, a distinção é didática e ajuda os profissionais a definirem a abordagem:

  1. Dentes natais: São aqueles que já estão presentes na cavidade bucal do bebê no momento do nascimento.
  2. Dentes neonatais: São aqueles que irrompem nos primeiros 30 dias de vida do bebê.

Você pode estar se perguntando: isso acontece muito? Pois bem, a incidência é extremamente baixa, o que justifica a repercussão midiática. A chance da aparição de dentes natais é de aproximadamente 1 a cada 2.000 a 3.000 nascimentos. Já nos dentes neonatais, a incidência é de cerca de 1 caso a cada 3,5 mil bebês. Geralmente, a erupção dos primeiros dentes (os incisivos inferiores) deve ocorrer por volta dos seis meses de idade.

O que a ciência diz sobre dentes natais e neonatais?

Apesar de décadas de estudo, a etiologia, ou seja, a causa exata do surgimento precoce de dentes natais e neonatais, ainda é considerada, em grande parte, desconhecida e multifatorial. Não há um consenso científico absoluto, mas diversas teorias apontam para a combinação de fatores.

O Dr. José Antônio Rios, Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial e especialista em Periodontia que assina o Crool by Rios, explica que “a erupção dentária precoce não é uma doença em si, mas sim a manifestação de um distúrbio no processo normal de desenvolvimento. É crucial que a família compreenda que, mesmo sendo um evento raro, o acompanhamento deve ser sério”.

Fatores relacionados e a relação com dentes de leite

Embora a etiologia seja complexa, a literatura científica sugere algumas possíveis associações:

  • Fatores hereditários: A presença destes dentes na cavidade bucal do recém-nascido pode estar relacionada à hereditariedade, com histórico familiar da condição.
  • Síndromes e anomalias: Em alguns casos, a presença de dentes natais e neonatais pode estar associada a mais de 20 síndromes e anomalias, como a síndrome de Ellis-van Creveld (displasia condroectodérmica) ou fissura labiopalatina.
  • Distúrbios hormonais ou de formação: O desequilíbrio hormonal materno ou distúrbios locais na formação dos dentes (como o folículo dentário muito superficial) também são cogitados.

A boa notícia é que, em cerca de 90% dos casos, os dentes natais e neonatais fazem parte da dentição decídua normal, ou seja, são os famosos dentes de leite. Em apenas cerca de 10% das situações, esses dentes são supranumerários, o que significa dentes com algum tipo de má formação, que não pertencem à arcada normal.

Complicações e a Doença de Riga-Fede

A presença precoce de dentes na boca de um bebê pode, sim, gerar complicações. A principal delas é a Doença de Riga-Fede.

Esta condição caracteriza-se por uma ulceração traumática que se forma no ventre (parte de baixo) da língua do bebê. O atrito constante do dente com a superfície mole da língua durante a amamentação ou sucção causa uma ferida, que pode levar a dor e, consequentemente, à recusa da amamentação ou dificuldade de alimentação, impactando o ganho de peso e o desenvolvimento do bebê.

Além disso, a mobilidade dos dentes natais e neonatais pode ser um problema. Como as raízes costumam ser pouco desenvolvidas, há um risco de deslocamento do dente e aspiração, caso ele se solte e seja engolido pelo bebê.

Manter ou remover os dentes natais e neonatais?

O dilema sobre a manutenção ou remoção dos dentes natais e neonatais é um tema amplamente discutido na Odontopediatria, e a resposta não é única: o tratamento deve ser individualizado e embasado em uma avaliação criteriosa do especialista.

O Dr. Rios enfatiza: “Não há uma regra de ‘remover ou manter’ que se aplique a todos. No Crool by Rios, pautamos nossa abordagem na máxima prudência. Avaliamos a radiografia para entender se é um dente de leite normal ou supranumerário, e, principalmente, o grau de mobilidade e o impacto na amamentação.”

Critérios para manutenção:

Estudos apontam que a manutenção de dentes natais e neonatais é possível e, muitas vezes, aconselhável, quando:

  • São identificados como pertencentes à dentição decídua normal.
  • Não apresentam mobilidade acentuada (risco de aspiração).
  • Não estão causando lesões (como a Doença de Riga-Fede) na língua do bebê ou ferimentos no seio materno durante a amamentação.

Nesses casos, a conduta é o acompanhamento odontopediátrico periódico e rigoroso, com orientações detalhadas aos pais sobre higiene e monitoramento.

Quando a remoção é necessária:

A extração (exodontia) torna-se a primeira opção de tratamento quando:

  • O dente apresenta mobilidade excessiva, o que configura risco de aspiração ou deglutição.
  • O dente está causando trauma à língua (Riga-Fede) ou ao seio materno, impedindo a amamentação.
  • É constatado, via exame radiográfico, que o dente é supranumerário e está interferindo no desenvolvimento normal da arcada.

Cabe ao especialista, após o diagnóstico completo (clínico e radiográfico), orientar os pais de forma transparente sobre a melhor conduta, garantindo sempre o bem-estar e a segurança do recém-nascido.

A odontologia para bebês: A saúde começa no pré-natal

A presença de dentes natais e neonatais reforça uma verdade fundamental: a saúde bucal não espera o primeiro aniversário. É preciso acompanhá-la e fazer parte da rotina das pessoas desde o nascimento, e idealmente, antes.

O acompanhamento odontológico pré-natal e, em seguida, o odontopediátrico ao longo dos primeiros anos do bebê, são essenciais para uma base sólida de saúde.

No Crool by Rios, reconhecemos que o cuidado com o sorriso começa na primeira infância. Nossos profissionais são treinados para realizar uma avaliação completa da cavidade bucal do recém-nascido – incluindo a presença de dentes natais e neonatais, frênulo lingual (teste da linguinha) e condições da mucosa – e para oferecer uma “escuta generosa” aos pais.

Para o Dr. José Antônio Rios, o acompanhamento precoce não se restringe a problemas, mas é o pilar da prevenção: “A primeira consulta deve ocorrer assim que o primeiro dente irromper, ou, no máximo, até o primeiro ano de vida. No caso de um dente natal ou neonatal, a consulta é de urgência, para que possamos fazer o diagnóstico correto, traçar o plano de tratamento e orientar os pais sobre a higiene e cuidados necessários, garantindo uma transição saudável para a alimentação e o desenvolvimento da fala.”

Por fim, investir na saúde bucal desde a primeira infância é a melhor forma de prevenir problemas futuros e garantir um sorriso pleno na vida adulta. O Crool by Rios é o local ideal para essa avaliação completa, do recém-nascido ao idoso, oferecendo a segurança de um corpo clínico especializado e o acolhimento que sua família merece. Tratamento odontológico? Crool, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.

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