Recentemente, a conexão inegável entre o que acontece na boca e o bem-estar do resto do corpo tem ganhado foco. Não se trata apenas de estética, a ciência avança e confirma que a nossa saúde bucal é um termômetro da nossa saúde geral. Em meio a essa discussão, uma doença em particular emerge como um problema de saúde pública de proporções globais: a periodontite.
Se você já notou suas gengivas sangrando ao escovar os dentes, ou sentiu um mau hálito persistente, você pode estar nos estágios iniciais de uma condição que afeta até 90% da população mundial e está entre as principais causas de perda dentária no mundo.
Pois bem, neste artigo, vamos mergulhar profundamente no universo da periodontite. Além disso, vamos entender o que exatamente é essa doença, por que ela é tão perigosa para seus dentes e, principalmente, para o seu corpo, e o que você pode fazer para identificar e prevenir que ela se instale.
O que é periodontite e como ela surge?
Antes de tudo, a periodontite é o estágio avançado e mais grave da doença periodontal, que começa com uma inflamação mais simples conhecida como gengivite.
Imagine a placa bacteriana (ou biofilme dental) como uma colônia de microrganismos que se acumula sobre a superfície dos dentes e sob a margem da gengiva. Quando essa placa não é removida eficientemente pela escovação e uso do fio dental, ela endurece e se transforma em tártaro.
Essa acumulação irrita a gengiva, causando a gengivite: uma inflamação caracterizada por gengivas inchadas, vermelhas e que sangram facilmente.
Então, a periodontite surge quando a gengivite é negligenciada por tempo suficiente. Dessa forma, a inflamação, antes restrita à gengiva, começa a se aprofundar, rompendo o tecido de inserção que conecta o dente ao osso. Isso leva à formação das chamadas bolsas periodontais, espaços entre o dente e a gengiva que ficam cheios de bactérias, tártaro e pus.
Nessas bolsas, a infecção se torna crônica e destrói o osso alveolar e o ligamento periodontal. Por sua vez, essas são estruturas fundamentais que dão suporte e mantêm o dente firme na boca. O resultado final dessa destruição, se não houver tratamento, é a mobilidade dentária e, inevitavelmente, a perda dos dentes.
Para o Dr. José Antônio Rios, Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial e especialista em Periodontia do Crool by Rios, o aspecto silencioso da doença é o que a torna tão traiçoeira. “Muitos pacientes não sentem dor nas fases iniciais da periodontite. Eles se acostumam com o sangramento leve ou com o mau hálito, sem perceber que a fundação de seus dentes está sendo lentamente destruída. O diagnóstico tardio é o principal motivo pelo qual a periodontite se torna uma das maiores causas de perda dentária em adultos e, especialmente, em idosos”, explica o especialista.
Periodontite e saúde sistêmica
Um dos tópicos de pesquisa mais populares e cruciais da odontologia moderna é a interligação entre a periodontite e a saúde sistêmica (doenças que afetam o corpo todo). A ideia de que a boca é um órgão isolado ficou no passado.
A periodontite, sendo uma infecção crônica e inflamatória, não fica confinada à cavidade bucal. As bactérias presentes nas bolsas periodontais, junto com as substâncias inflamatórias produzidas pelo corpo em resposta à infecção, podem cair na corrente sanguínea e viajar para outros órgãos.
Essa é a grande descoberta que nos faz enxergar a periodontite como um marcador de risco para outras condições.
As conexões mais notórias e pesquisadas
Doenças cardiovasculares (DCV)
O elo entre periodontite e coração é robusto. A inflamação sistêmica causada pela periodontite pode contribuir para o desenvolvimento de aterosclerose (acúmulo de placas nas artérias). Além disso, bactérias periodontopatógenas já foram encontradas nas placas ateromatosas.
Pacientes com periodontite têm um risco significativamente maior de sofrer infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral), chegando a ser, em alguns estudos, até duas vezes maior. A falta de higiene bucal permite que bactérias cheguem ao coração, podendo causar endocardite infecciosa em pessoas com válvulas cardíacas comprometidas.
Diabetes mellitus
A relação entre periodontite e Diabetes Tipo 2 é considerada bidirecional e sinérgica:
- Enquanto o diabetes piora a periodontite: Pacientes diabéticos, especialmente aqueles com controle glicêmico ruim, têm um risco consideravelmente maior de desenvolver periodontite grave. O alto nível de glicose no sangue afeta a resposta imune, dificultando o combate à infecção e ao processo inflamatório na gengiva.
- A periodontite também piora o diabetes: A infecção crônica da gengiva aumenta a inflamação geral no corpo. Essa inflamação sistêmica interfere na ação da insulina, dificultando o controle da glicose no sangue e tornando o tratamento do diabetes mais desafiador.
O Dr. Rios ressalta que essa interconexão exige uma abordagem colaborativa: “Quando tratamos um paciente diabético no Crool, nosso papel não é apenas salvar o dente. Estamos ajudando a controlar a glicemia. A doença periodontal, quando controlada, auxilia na diminuição dos mediadores inflamatórios sistêmicos, facilitando o manejo do diabetes. É uma questão de saúde integral.”
Outras doenças sistêmicas
A lista de associações não para por aí. A periodontite também tem sido correlacionada a:
- Complicações na gravidez: Mulheres grávidas com periodontite têm maior risco de ter partos prematuros e bebês com baixo peso ao nascer.
- Doença pulmonar: A aspiração de bactérias da boca pode levar a infecções respiratórias, como pneumonia.
- Artrite reumatoide (AR): Assim como a periodontite, essa condição possui mecanismos inflamatórios e até a presença de bactérias Gram-negativas anaeróbias em seus sítios.
Os riscos da periodontite e a urgência do cuidado
A progressão da periodontite acarreta riscos que vão muito além da saúde sistêmica. A boca em si sofre danos permanentes que afetam a qualidade de vida, a função mastigatória e até a autoestima.
Perda irreversível de tecido e dentes
O maior risco direto é a perda das estruturas de suporte. Uma vez que o osso de suporte é destruído, essa perda é irreversível. O dente fica mole (com mobilidade) e, em estágios avançados, a única solução é a extração.
A perda de múltiplos dentes não só compromete a mastigação e a nutrição, mas também leva à reabsorção óssea na mandíbula, dificultando, no futuro, a colocação de próteses ou implantes.
Complicações estéticas e funcionais
Assim como falamos acima, com a destruição óssea, a gengiva se retrai. Dessa forma, os dentes acabam parecendo mais longos (o que é, na verdade, a exposição da raiz) e criando espaços visíveis entre eles. Isso leva a:
- Problemas estéticos: Altera o sorriso, o que afeta a confiança e a interação social.
- Mau hálito (halitose) persistente: Além disso, o acúmulo de bactérias nas bolsas periodontais é uma fonte constante de gases sulfurados voláteis, causando um mau hálito crônico que a escovação superficial não resolve.
- Alteração na fala: Espaços entre os dentes, especialmente os da frente, podem causar problemas na pronúncia de certos fonemas, como o “S”, afetando a comunicação.
Como identificar e prevenir a periodontite
A boa notícia é que a periodontite é uma doença totalmente prevenível. O segredo reside no diagnóstico precoce da gengivite e na manutenção rigorosa de hábitos de higiene.
Sinais de alerta: Quando procurar o dentista?
Assim como já mencionamos, a dor costuma aparecer apenas nos estágios avançados. Por isso, preste atenção aos sinais que o seu corpo está enviando:
- Gengivas vermelhas e inchadas: Gengivas saudáveis são firmes e rosa pálido. Então, vermelhidão e inchaço são sinais claros de inflamação.
- Sangramento ao escovar ou usar fio dental: Este é o primeiro e mais comum sintoma da gengivite. Em outras palavras, se isso acontece, suas gengivas estão inflamadas.
- Mau hálito persistente: Um hálito que não melhora após a escovação pode indicar bolsas de bactérias e infecção.
- Retração gengival: A gengiva parece estar “encolhendo”, expondo a raiz do dente e fazendo-o parecer mais longo.
- Dentes moles ou separados: Este é um sinal de estágio avançado, pois significa que o suporte ósseo está seriamente comprometido.
- Gosto ruim ou paladar alterado: Sensação desagradável na boca, geralmente ligada à presença de pus e bactérias.
A estratégia de prevenção definitiva
A prevenção da periodontite é, em essência, a prevenção da gengivite. A estratégia mais eficaz combina cuidado em casa e acompanhamento profissional, com ênfase especial na eliminação do biofilme dental (placa e tártaro).
1. Higiene bucal adequada
É o alicerce de tudo. Você deve:
- Escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia, com uma técnica correta, usando uma escova de cerdas macias e pasta com flúor.
- Usar o fio dental diariamente (ou escovas interdentais). A placa se acumula onde a escova não alcança, e o fio dental é insubstituível na remoção do biofilme entre os dentes e sob a linha da gengiva.
- Higienizar a língua: A saburra lingual também contribui para a carga bacteriana na boca.
2. Consultas e limpezas profissionais regulares
A higiene caseira é fundamental, mas somente o dentista pode remover o tártaro (placa endurecida). Portanto, fazer limpezas profissionais (profilaxia) a cada seis a doze meses é crucial. O periodontista usa instrumentos específicos para realizar uma raspagem, removendo o tártaro subgengival e supra-gengival.
3. Controle dos fatores de risco
Muitos fatores além da má higiene aumentam o risco de desenvolver periodontite. Se você se enquadra em algum desses grupos, sua atenção deve ser redobrada:
- Tabagismo: O fumo é, possivelmente, o fator de risco mais significativo, pois diminui a resposta imune e a vascularização da gengiva, mascarando os sintomas (gengivas de fumantes geralmente sangram menos, dando uma falsa sensação de saúde).
- Diabetes: Como visto, a doença não controlada aumenta a vulnerabilidade.
- Genética: Algumas pessoas têm uma predisposição genética à doença.
- Estresse e medicamentos: O estresse crônico e certos medicamentos (como antidepressivos ou para o coração) podem afetar a saúde bucal.
O papel do especialista no tratamento
A jornada para a saúde periodontal exige conhecimento técnico e um olhar atento, especialmente em casos que já evoluíram para a periodontite. O tratamento é personalizado e tem como objetivo principal controlar a infecção e deter a perda óssea.
No Crool by Rios, a primeira etapa é um diagnóstico detalhado. O periodontista utiliza instrumentos específicos, como a sonda periodontal, para medir a profundidade das bolsas, além de radiografias para avaliar a extensão da perda óssea.
Para o Dr. José Antônio Rios, a abordagem no Crool é multidisciplinar e humanizada: “Quando um paciente chega ao Crool by Rios com um quadro de periodontite, realizamos uma ‘escuta generosa’ para entender não apenas a gravidade do problema na boca, mas também o histórico de saúde sistêmica e os hábitos de vida desse paciente. O tratamento da periodontite é um processo que envolve a raspagem e o alisamento radicular, ou seja, uma limpeza profunda que remove tártaro e bactérias da raiz do dente, sob a gengiva. Em casos avançados, podemos precisar de cirurgias periodontais para acessar e limpar profundamente as raízes ou até para realizar enxertos ósseos e de gengiva.”
O Dr. Rios, que tem vasta experiência e é especialista em Periodontia, reforça que a intervenção profissional é indispensável: “Não existe ‘cura’ caseira para a periodontite instalada. O paciente precisa do nosso auxílio para eliminar o agente causador (tártaro e bactérias profundas). No Crool, garantimos que cada paciente saia com um plano de manutenção adequado, pois a periodontite é uma condição crônica que exige acompanhamento contínuo para evitar a reincidência.” Tratamento odontológico? CROOL, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.
Fontes: National Library of Medicine e Jornal da USP.
