Imagine a cena: você está escovando os dentes, ou talvez passando o fio dental, e sente uma aspereza estranha na lateral da língua ou debaixo dela. Você olha no espelho e vê uma feridinha, uma mancha esbranquiçada ou avermelhada. “Deve ser só uma afta”, você pensa, e segue a vida, esperando que desapareça em alguns dias. Mas e se essa “afta” ou ferida persistir por mais de duas semanas? É por isso que vamos falar sobre a prevenção do câncer de boca.
Essa pequena pausa na sua rotina é o gancho noticioso que precisamos. A conscientização sobre a saúde bucal é um assunto em alta, especialmente quando falamos de prevenção de doenças graves. É nesse momento crucial, de autoconhecimento e vigilância, que se encontra a linha divisória entre um diagnóstico precoce e um tratamento mais complexo.
O câncer de boca (ou câncer oral) é um tumor maligno que pode afetar os lábios, a língua (principalmente as bordas), as gengivas, o céu da boca (palato), a mucosa das bochechas e a região sob a língua (assoalho da boca). No Brasil, essa neoplasia é, infelizmente, um dos tumores mais incidentes entre os homens, e sua letalidade está diretamente ligada à descoberta tardia.
O risco do diagnóstico tardio
É alarmante, mas é a realidade: segundo a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), no Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada.
Para o Dr. José Antônio Rios, Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial e especialista em Periodontia que assina o CROOL by Rios, essa estatística reflete a falta de hábito de uma autoavaliação regular e a crença de que a boca é apenas “coisa de dentista”, e não parte da rotina de saúde geral.
“O grande desafio no combate ao câncer de boca é que ele, muitas vezes, começa silencioso, com lesões indolores, que o paciente confunde com problemas menores, como uma simples afta ou uma irritação por prótese mal ajustada. As lesões que não doem tendem a ser ignoradas por mais tempo”, explica o Dr. Rios.
A verdade é que o primeiro e mais vital passo para o diagnóstico precoce do câncer de boca está em suas mãos, literalmente. Você não precisa ser um dentista para identificar um sinal de alerta, mas precisa ter o conhecimento e a proatividade para inspecionar a sua boca regularmente.
Um guia passo a passo para a prevenção do câncer de boca através do autoexame
Realizar o autoexame bucal deve ser um hábito mensal, assim como se autoexaminar para outros tipos de câncer. É um processo rápido, fácil e que pode salvar a sua vida.
Preparação e itens necessários
Para um autoexame eficaz, você precisará de:
- Um espelho de aumento ou um espelho comum em um local bem iluminado;
- Boa iluminação natural ou artificial;
- Gaze ou um pano limpo.
As etapas do autoexame (toque e inspeção visual)
Siga este passo a passo, tocando (apalpando) e inspecionando visualmente cada área, procurando por manchas, caroços, inchaços, feridas que não cicatrizam ou alterações de cor e textura.
- Lábios:
- Observe o contorno e a cor dos lábios (o “vermelhão”).
- Puxe o lábio inferior para baixo e o superior para cima.
- Em seguida, apalpe-os suavemente com o polegar e o indicador, procurando por nódulos ou áreas endurecidas.
- Bochechas e mucosa jugal:
- Antes de tudo, com a ponta do dedo indicador, afaste as bochechas.
- Inspecione a mucosa (revestimento interno) procurando por manchas vermelhas, brancas ou escuras.
- Apalpe por fora e por dentro, verificando a presença de caroços.
- Gengivas:
- Percorra toda a gengiva com o dedo indicador.
- Além disso, observe a cor e o formato, buscando inchaços ou sangramentos espontâneos.
- Língua (parte de cima e bordas):
- Primeiramente, coloque a língua para fora e observe a parte superior.
- Segure a ponta da língua com a gaze ou pano e puxe-a para a esquerda e depois para a direita, inspecionando as bordas laterais (local de alta incidência de câncer de boca).
- Apalpe toda a extensão em busca de caroços.
- Assoalho da boca (abaixo da língua):
- Levante a língua até o céu da boca.
- Observe e apalpe o assoalho, região que costuma ser negligenciada e que também tem alto risco.
- Palato (céu da boca) e garganta (orofaringe):
- Incline a cabeça para trás. Abra a boca o máximo possível e diga “Aaaah”.
- Olhe e apalpe o céu da boca, procurando por áreas endurecidas, manchas ou feridas.
- Observe o fundo da garganta.
- Pescoço e contorno da mandíbula:
- Apalpe suavemente o pescoço, comparando o lado direito com o esquerdo.
- Busque a presença de ínguas (linfonodos), caroços ou áreas endurecidas que não estavam ali antes.
Acima de tudo, qualquer alteração que persista por mais de 15 dias deve ser imediatamente investigada.
Aftas, herpes ou câncer de boca, o que é essa lesão?
A boca é um ambiente complexo e, por isso, lesões são comuns. No entanto, é fundamental saber diferenciar as inofensivas das perigosas.
| Característica | Afta (estomatite aftosa) | Herpes labial | Lesão de câncer de boca (estágio inicial) |
| Aparência | Úlcera rasa, geralmente branca/amarelada, com borda vermelha. | Pequenas vesículas (bolhas) agrupadas, principalmente nos lábios. | Ferida que não cicatriza, caroço, mancha branca (leucoplasia) ou vermelha (eritroplasia). |
| Dor | Dolorosa e incômoda. | Dor e ardência antes e durante o surgimento. | Geralmente indolor no início. |
| Duração | Cicatriza espontaneamente em 7 a 10 dias. | Dura de 7 a 14 dias, passando por fases (bolha, crosta, cicatrização). | Não cicatriza em mais de 15 dias. Pode sangrar e crescer. |
| Localização comum | Qualquer parte da mucosa, menos os lábios externos. | Principalmente nos lábios (vermelhão). | Bordas da língua, assoalho da boca e lábios. |
“Se uma lesão na sua boca não desaparece em duas semanas, e especialmente se ela não dói, acenda o alerta. A ausência de dor é, ironicamente, um dos maiores empecilhos para o diagnóstico precoce do câncer de boca”, alerta o Dr. José Antônio Rios.
Na dúvida, a regra é clara: o especialista sempre deve ser consultado. Somente um dentista ou médico poderá realizar o diagnóstico correto e, se necessário, uma biópsia (remoção de um fragmento da lesão para análise) para confirmar ou descartar a presença de células malignas.
Para além do álcool e tabaco: A relação crescente entre HPV e câncer de boca em jovens
O perfil clássico do paciente com câncer de boca sempre foi o homem, geralmente acima dos 50 anos, fumante e consumidor crônico de álcool. O tabaco e o álcool são, de fato, os fatores de risco mais importantes, especialmente quando usados em conjunto, pois potencializam o risco.
No entanto, a epidemiologia está mudando. Estudos recentes têm apontado um aumento da incidência de câncer de orofaringe (parte da garganta, incluindo amígdalas e base da língua) em pacientes cada vez mais jovens e que, muitas vezes, não possuem o histórico de tabagismo ou etilismo.
O papel do HPV no câncer oral
O grande motor dessa mudança é o Papilomavírus Humano (HPV), mais especificamente o subtipo 16. O HPV é um vírus transmitido principalmente pelo contato direto com a pele e mucosas, o que inclui a prática de sexo oral.
- O HPV-Positivo: Nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, o câncer de orofaringe relacionado ao HPV já ultrapassa os casos ligados ao tabagismo. No Brasil, pesquisas também indicam uma tendência de aumento no risco de câncer de boca associado ao vírus.
- Prognóstico: A boa notícia, conforme estudos do INCA (Instituto Nacional de Câncer), é que as lesões situadas nas porções mais anteriores e as lesões iniciais têm prognóstico melhor em comparação às lesões avançadas. Portanto, a prevenção continua sendo o caminho mais seguro.
A melhor forma de prevenção contra o HPV é a vacinação, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas nas faixas etárias recomendadas, e o uso de preservativo, inclusive no sexo oral. O câncer de boca não escolhe idade, mas o conhecimento é a sua proteção.
A prevenção é o nosso compromisso e a sua maior ferramenta
No CROOL by Rios, reconhecemos que o diagnóstico precoce é a nossa maior arma contra o câncer de boca. A saúde da sua boca é um reflexo direto da sua saúde geral, e o dentista tem um papel fundamental nessa vigilância.
“O dentista não apenas cuida de cáries e tártaro. Em uma consulta de rotina, ele realiza um exame detalhado da cavidade oral, procurando por lesões precursoras ou já estabelecidas, que muitas vezes o paciente não percebe. Essa é a nossa responsabilidade mais séria: ser o primeiro filtro da saúde bucal contra doenças tão graves”, afirma o Dr. José Antônio Rios.
Para o CROOL by Rios, a odontologia de excelência é aquela que alia tecnologia, ciência e um olhar humanizado. Oferecemos um check-up preventivo completo, que inclui o rastreamento minucioso do câncer de boca e de outras lesões potencialmente malignas. Encontrou algo ou quer uma confirmação profissional? Agende seu check-up com nossos especialistas. Tratamento odontológico? CROOL, é lógico. Clique aqui e agende sua avaliação.
